BRASIL, ANO TRÊS MIL

                                                      BRASIL, ANO TRÊS MIL

   Uma nave gigantesca, vinda da galáxia de Ultracrypton, ainda desconhecida dos terráqueos no ano dois mil, desceu no Brasil Central, à procura de Brasília. Sua missão, monitorada de Ultracrypton, era clonar os cérebros dos membros dos três poderes da República do Brasil, reduzi-los a microchips e inseri-los nos cérebros dos generais e ultracientistas alienígenas, com o suprimento físico-químico personalizado, para que eles soubessem exatamente o que pensavam, sentiam e queriam essas criaturas bárbaras do minúsculo planeta Terra.

   Já tinham clonado e implantado em robôs os cérebros duns mil e duzentos planetas, para equipar a Enciclopédia Universal de Cérebros Intergaláticos. A implantação era um serviço feito por robôs, por ser trabalho simples, mecânico, e os ultracientistas tinham objetivos mais importantes a ocupá-los.

   Os generais de Ultracrypton tinham eleito o Brasil como o país mais corrupto da Terra, e queriam conhecer as raízes da corrupção, o poderoso germinal daquelas mentes bárbaras.              Tinham a cabeça duas vezes maiores que a dos terráqueos, e o menor tinha mais de dois metros de altura. No mais, eram iguais aos terráqueos, só que mais fortes e bonitos. Ficaram admirados com a pequenez dos cérebros dos membros do Congresso Nacional, as criaturas que mais examinaram, por representarem os habitantes do pequeno planeta. Assustaram-se com a violência dos debates que testemunharam na Câmara dos Deputados.

   - Estranhamente, não se devoram uns aos outros - observou o Supremo General de Ultracrypton, megagaláxia que não era governada por planetas que se guerreavam uns contra os outros, tendo um só e universal governo, e onde não havia tribunais e fóruns por total desnecessidade, pois os habitantes de Ultracrypton não sabiam o que é desonestidade, traição, hipocrisia e outras contravirtudes postas em ação no Planalto Central.

    Vieram ao Brasil para aprender essas contravirtudes dos terráqueos de Brasília. Com possantes escutas intergalácticas, captadas no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional, eles aprenderam que os fins justificavam quaisquer meios, e os generais de Ultracrypton queriam salvar todas as galáxias do universo. Para isso lutavam pelo domínio de todas, com a melhor intenção possível: a de salvar todas as galáxias, impondo-lhes a sua Filosofia Universal. Um fim nobilíssimo, porque o que queriam era a Perfeição, predicado de Deus.

    Clonaram os cérebros dos chefes do partido TP, do BDMP e do BDSP, e dispensaram os chefes dos outros partidos, porque esses, depois da abdução dos cérebros do TP, do BDMP e do BDSP, nada tinham a acrescentar para os estudos dos cientistas de Ultracryton.

   Com os dois cérebros para turbinarem os pensamentos, o deles e os dos políticos do Brasil, os generais de Ultracrypton já tinham como absolutamente certa a vitória sobre todas as galáxias do Universo.

   Mas eis que, de repente, os dois cérebros dos generais começaram a discutir violentamente, entre si, porque os cérebros dos políticos do TP, do BDMP e do BDSP estavam tentando dominar os cérebros dos generais de Ultracrypton, com a pretensão de se proclamarem os MARECHAIS DE ULTRACLYTON e conquistar todas as galáxias do Universo.

   Os generais de Ultracrypton jogaram no lixo os cérebros clonados dos chefes do TP, do BDMP e do BDSP, voaram para a nave intercósmica e sumiram do Brasil à velocidade de mil quilômetros por segundo, para nunca mais voltar ao planetinha Terra.

   - Povinho besta, o desse manicômio Brasília - emitiu em sons e cores binárias o Supremo General da Missão Ultracrypton, para todas as galáxias do Universo.

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