DESMORALIZANDO SATANÁS

DESMORALIZANDO SATANÁS 

Pobre Satanás. Se a ONU fizer um ranking dos diabos em geral, incluídos os deste mundão de Deus e os do inferno, Satanás estará comendo poeira no último lugar.

Um vexame, que poderá até enternecer o Paizão.

Ora, Satanás, imperador das plagas infernais, só pune nas chamas eternas os culpados de pecados mortais. Satanás só faz justiça. Nos seus infernais domínios nunca, por todos os séculos dos séculos, entrou ou penou um só inocente.

Pobre Satanás. Ficará ridicularizado no Ranking do Mal, muito atrás da vanguarda, essa formidável vanguarda, composta pelos heróis que explodem a si próprios para matar milhares de inocentes, convictos de que quantos mais matam, mais exponencial é a sua glória.

Em nome do Paizão.

Como? Satanás se verá um indigente mental. Em nome do Paizão? Não entenderá. Como, se a vida é o presente supremo do Paizão, e não se joga fora um dom de tão descomunal dimensão. Não se rouba de inocentes o presente insuperável da vida, doado pela suprema bondade do Senhor de todo o universo. Como?

- É de derreter os chifres.

Morreu de vergonha, quando assistiu a um homem matar a esposa e, cirurgião diabolicamente hábil, arrancar-lhe o rosto, petrificado com aquele esgar de terror, jogá-lo numa lata de lixo e colocá-la ao lado da cama da mãe, que dormia. Para que ela, ao acordar, morresse congelada.

- Onde isso?

- Brasil - informou seu ministro de gabinete.

Viu a sua autoestima no chão ao ser informado de que no Brasil são assassinados idosos, crianças, mulheres grávidas, pobres de todas as cores e credos, por falta dos bilhões que os " políticos " roubam dos cofres públicos acionando mil e uma estratégias, dinheiro que lhes salvaria a vida, dando-lhes a necessária assistência farmacológica, médica e hospitalar.

Pobre Satanás.

Verá que seus prazeres demoníacos, nos domínios infernais, são grosseiros, primários, sem criatividade. Uma vergonha. Sentir-se-á incapaz de arquitetar e realizar os seus malefícios com a eficácia, os requintes e as sofisticações dos políticos do Brasil.

Pobre Satanás.

Pensou um dia em perambular por esse Brasil surreal. Aprender o SUPERMAL, tal como aqui se pratica. Fazer aqui um doutorado do mal. Entrar como espião nos presídios e penitenciárias do país. Vivenciar os infernos do Brasil. Exóticos, surpreendentes, com bombas invisíveis prestes a explodir a cada hora, a cada minuto. Mas recuou, de pavor.

Foi quando, logo à entrada da primeira penitenciária, viu um chefe de facção bater um pênalti.

A bola era a cabeça do seu inimigo-mor, com aquela carranca estapafúrdia. Bateu mal, mas foi gol, porque o goleiro não quis sujar-se com o sangue da bola. Valeu ou não valeu o gol? A briga com a facção adversária acarretou trinta e três mortes e sessenta feridos, com decapitações, eviscerações e esquartejamentos que nunca vira nos seus domínios. Foi aí que Satanás recuou, de pavor.

- Eu, hein? Chega de humilhação.

Pobre Satanás.

Zaidan Baracat - janeiro de 2017.

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