QUEM É O ELEITOR?
QUEM É O ELEITOR?
Qual é o Homem que vota, nas eleições políticas? O Homem-razão, o Homem-coração, ou o Homem-vontade? Vota ele racionalmente, emocionalmente, ou ambiciosamente, influenciado por interesses pessoais? Vota porque o candidato é mais competente e mais honesto? Vota porque o candidato é um bom homem, e mais simpático? Ou vota porque o candidato atenderá melhor aos seus interesses materiais, descortinando-lhe a realização das suas ambições, estritamente pessoais?
É o Homem-razão, o Homem-coração ou o Homem-vontade quem elege os candidatos? Ou os três, ou dois, em percentuais variáveis? Ou, ainda, um só, como, por exemplo, o Homem-vontade?
Se é apenas o Homem-vontade quem elege os candidatos, movido apenas pelos seus interesses pessoais, a eleição nem por isso é menos democrática, porque eleição democrática não é, necessariamente, aquela que elege o mais competente, o mais virtuoso ou o mais ativo.
Ideal, e quase utópica, seria a democracia se os candidatos fossem eleitos pela plenitude da humana trindade, as três pessoas votando em harmonia, de conformidade com as necessidades sociais, políticas e econômicas do momento, que podem exigir do candidato eleito a razão, a emoção ou a vontade em maior ou menor grau. Se essa é a democracia ideal, é a meta a ser alcançada.
Como se vê, também a democracia é uma obra aberta, como o Estado. E a exemplo do Estado, é obra que deve ser ultrapassada, como realmente vem sendo, no tempo e no espaço. Ultrapassada não por outro regime melhor, que não existe, mas por uma democracia mais honesta e competentemente praticada. Sobretudo, praticada com mais justiça.
Dir-se-á, entretanto: se a ultrapassagem se faz de modo natural desde os primórdios da civilização, para quê uma revolução cultural? Para obter o que já se tem?
Responderei que o brasileiro faz a ultrapassagem, sim, mas a passo de pinguim, enquanto os países da vanguarda correm a passos de guepardo. Essa disparidade pode trazer consequências dramáticas para o povo brasileiro, ou parte considerável do povo brasileiro.
Pois a revolução cultural, mais que as pernas do guepardo, dará as asas da águia para os brasileiros. Sonhar é preciso.