UM GRITO DE SOCORRO NO AR

                                    UM GRITO DE SOCORRO NO AR

     Com o colapso dos preconceitos, as intimidades humanas se extrovertem, por mais chocantes que sejam, e são absorvidas cada vez com mais naturalidade. Felizmente. É preciso que a civilização ultrapasse essa confusão que existe entre a ficção e a realidade.

     Assim, há indagações que posso formular, sem constrangimento. O macho puro é uma ficção?     A fêmea pura é uma ficção? Ou a realidade é que há algo de fêmea no macho ou de macho na fêmea, um percentual variável, de pessoa a pessoa? Talvez só a superpoderosa ciência possa criar, num futuro longínquo, o macho e a fêmea puros. Mas será isso desejável? Ou será, na verdade, uma perda de qualidade?

   Até lá, é incomensurável o número de pessoas que ou sofrem, ou se deprimem, ou até suicidam, por ter mais fêmea no macho, ou mais macho na fêmea, vivendo sob a pressão de cruéis e muitas vezes letais preconceitos. Pois é esse insuportável sofrimento que impõe mais humanidade no julgamento dessa miscigenação dos gêneros.

   Os três complexos de regras do Direito, da Moral e da Religião devem à civilização um maior empenho em extinguir essa dor, reprimida ao custo de graves consequências. Não adianta que ignorem a sexualidade real, camuflando-a com ficções ou hipocrisias. O problema existe. Impõe-se achar a solução humanitária para os extremos desse impasse entre a realidade e a ficção, e é indubitável que a melhor solução vai da empatia à fraternidade cristã, possibilitando o congraçamento entre todos os humanos, em todas as humanas atividades.

   Não digo isso aprioristicamente, sem os fundamentos da razão e sem o motor da motivação emocional. É que essa incógnita vivencial é sempre apaixonante, e agora já existem pesquisas e estatísticas confirmando o que sempre pensei: é assustador o número de deprimidos e suicidas entre as pessoas que sofrem, e sofrem profundamente, por causa dos distúrbios que há entre o ser homem e o ser mulher.

   HÁ UM GRITO DE SOCORRO NO AR.