IRMÃOS SIAMESES

                                                           OS IRMÃOS SIAMESES

Capital e trabalho são irmãos siameses.

Embora irmãos siameses, todavia, capital e trabalho parecem os braços de um boxeador doido. O braço esquerdo luta contra o direito, o direito contra o esquerdo, até que a adversária pobreza, expectadora perplexa dessa briga de manicômio, põe abaixo o boxeador doido, num nocaute de palhaço de circo.

Inevitavelmente a plateia, a concorrência internacional, morre de rir, em gargalhadas compulsivas, até se engasgar, lembrando-se que ela também faz loucuras de arrepiar.

Claro que como membros dum corpo só, qual seja a economia, os dois braços devem ser solidários, entre si, para derrotar a pobreza e ganhar o prêmio da luta, o progresso.

A luta do boxeador doido ocorre no Brasil em alta escala e variados ringues, acarretando incomensuráveis prejuízos à economia do país.

Mas há governos que, sub-repticiamente, ainda põem veneno no boxeador suicida, para aliciar eleitores à base de Robin Hood. Depenam as empresas para agradar aos trabalhadores empregados, e com isso aumentam as imensas legiões dos desempregados e dos trabalhadores informais.

E existe cena mais triste, dentro dos lares, do que a tristeza e as lágrimas de um pai de família desempregado ou sem direitos, encarando aflito um pedido da filha que quer alimentação e roupas decentes?

Sim, capital e trabalho são irmãos siameses. Quanto um sofre, sofre o outro, também.

É extremamente difícil a realização do ideário da revolução francesa, consubstanciado no trinômio liberdade, igualdade e fraternidade, sem que se realize a simbiose do capital com o trabalho, energizando-se ambos e, portanto, a economia do país. Só assim se promoverá a verdadeira ascensão social e econômica do povo.

                                                  AS IRMÃS SIAMESAS

Saúde e educação são também irmãs siamesas, assim como irmãos siameses são capital e trabalho.

Os braços da saúde e da educação não brigam entre si, como os do capital e do trabalho, mas não se abraçam fraternais, como deviam.

Se o fizerem, mais fortes serão e maiores frutos haverão de produzir. Como ocorreria, se os siameses capital e trabalho se abraçassem, ao invés de trocarem pancadas e golpes baixos.

Abraços racionais, mas fraternos, de tanto que uns dependem dos outros. Abraços sob controle, porque nenhum dos pólos pode ignorar que há outros interesses no complexo jogo da economia. Capital e trabalho, por exemplo, não podem ignorar o consumidor, pois acarretariam a alta dos preços. Saúde e educação não podem ignorar que há segurança e infra-estrutura de transportes, além de outras obrigações governamentais, pois acarretariam a desordem e o estrangulamento da distribuição de riquezas.

Corpo e mente plenos de saúde são condições ideais para a educação. Educação plena de conhecimentos de prevenção, profilaxia e terapêutica básicas são condições ideais para a saúde.

Como exigir garra de professores e estudantes, se são deficientes em saúde física e equilíbrio mental? Seria impor-lhes um suplício.

Devem unir-se porque a união faz a força, e porque a verdadeira força mantém a união. O espírito cooperativo, no caso, promoverá tanto progresso quanto já produziu no campo da produção e do consumo das riquezas.

Novos ministérios da saúde e da educação devem interpenetrar-se para melhor desempenharem as suas gravíssimas missões, assim como devem interpenetrar-se novos ministérios do trabalho e da economia, porque tudo o que isoladamente decidirem poderá influir substancialmente no desempenho do outro, para o bem ou para o mal.

Diga-se igualmente: é extremamente difícil a realização do ideário da revolução francesa, consubstanciado no trinômio liberdade, igualdade e fraternidade, sem que se realize a simbiose da saúde com a educação, energizando-se ambas e, portanto, a cultura do país. Só assim se promoverá a verdadeira ascensão social do povo.